Para mim, ir a um restaurante a quilo é um perigo. Bom de boca que sou, vou pegando tudo que aparece na minha frente. Quando chego ao final, para pesar meu prato, sempre concluo que passei do ponto mais uma vez, até parece um dejavú: um prato mega gigante e pesado, com um monte de gororoba amontoada.
Quanto à quantidade de coisas, eu tenho que me policiar para controlar melhor esse ponto: porque pegar 800g de comida se 550g me deixam satisfeito? Mas um lance no qual eu acho que nunca vou melhorar é no quesito mistureba: adoro misturar de tudo no prato: alface, tomate, cebola, pizza, macarrão, estrogonofe, sushi, pastel, bolinha de queijo, o que for. Comigo não tem esse papinho de salada antes e mistura depois, prato quente antes e prato frio depois... acho tudo isso uma bobajada. O que pega mesmo é a farra de comida, desenfreada e louca.
Talvez esse seja um dos motivos por eu estar tão encantado com a minha mais nova banda preferida, o
Mombojó. Esse hepteto de Recife formou-se em 2001, mas começou a pegar mesmo em 2004, com seu primeiro álbum “Nadadenovo”. Esse ano, já lançaram o segundo, “Homem-Espuma”.
O grande lance da música dessa molecada é o seguinte: os caras fazem um mistureba de sons, cujo resultado fica absolutamente soberbo. Alguns dos instrumentos usados: baixo, bateria, guitarra, violão, teclado, cavaco, flauta e por aí vai. Dessa grande gama, eles fazem um som tão diferente e, ao mesmo, simples, que, numa mesma música, podemos identificar indícios de bossa-nova, lounge, surf music, jazz, clássico e samba, entre outras coisas. O resultado dessa mega salada de instrumentos e sons é uma música de alta qualidade, muito gostosa de ouvir, e ainda com um delicioso sotaque pernambucano.
Caso você tenha ficado interessado na obra dos caras, mas não tenha tempo pra ouvir toda a obra, vou dar um pitaco sobre algumas músicas que eu acho as melhores, a nata: Cabidela, A Missa, Merda, O Mais Vendido, Realismo Convincente, Swinga e Saborosa
Bom, caso você corra atrás do som deles, espero que goste. Mesmo aqueles que gostam de comer certinho, prato frio antes e prato quente depois, talvez sejam capazes de, depois de curtí-los, chegar num quilo e temperar a cenoura, beterraba e alface com os molhinhos da carne assada e do estrogonofe.
O que vale é fazer uma salada. Uma verdadeira salada.